Receber uma intimação para depor é um momento de tensão.
E a primeira dúvida que surge é: “o que fazer agora?”
Essa é uma experiência comum a muitas pessoas que não têm passagem anterior pelo sistema penal.
O problema é que, sem orientação adequada, atitudes mal calculadas nessa fase inicial podem comprometer toda a estratégia de defesa.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara e objetiva o que fazer ao receber uma intimação para depor, como funciona a investigação criminal no Brasil, quais os seus direitos, e por que o acompanhamento por um advogado criminalista especializado pode ser decisivo para o desfecho do caso.

Intimação para depor: o que fazer nos primeiros passos?

A investigação criminal tem uma função específica: apurar se houve um crime (materialidade) e quem foi o responsável (autoria).
Esse processo pode ser conduzido pela Polícia Civil, pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público, e só pode começar a partir de um fato determinado — jamais para investigar genericamente uma pessoa ou empresa.

intimação para depor nunca é o primeiro passo da investigação. Ela costuma vir depois de uma apuração prévia, feita de forma sigilosa, a partir de bancos de dados, registros públicos e eventuais medidas cautelares (como quebras de sigilo ou diligências telemáticas).
Ou seja: quando o investigado recebe a intimação, a apuração já avançou bastante — e por isso é fundamental reagir com inteligência, cautela e apoio jurídico.

Como funciona a investigação criminal no Brasil

De modo geral, a investigação penal segue duas fases distintas:

1. Fase oculta

Nesta etapa, o investigado ainda não sabe que está sendo investigado.
A autoridade realiza diligências silenciosas para confirmar se a notícia do fato é verdadeira. Essa etapa inclui:

  • verificação de informações em bancos públicos;
  • cruzamento de dados fiscais ou comerciais;
  • vigilância eventual;
  • checagem preliminar de vínculos e transações.

Se essa checagem indicar algum grau de plausibilidade, as autoridades podem solicitar quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico ou digital
e pedidos a plataformas como Google ou Apple. A partir daí, o Ministério Público ou a polícia compõem um acervo mais robusto.

2. Fase ostensiva

Após a confirmação da veracidade dos indícios, a investigação entra na fase ostensiva.
É aqui que ocorrem:

  • buscas e apreensões;
  • intimações para depoimento;
  • e, em casos graves, prisões preventivas.

Portanto, a intimação para depor indica que você está na fase visível da investigação.
E nesse momento, você já tem o direito — e o dever — de saber o que está sendo apurado.

Esse acesso só é possível com advogado constituído, que solicita a cópia dos autos e orienta sobre o depoimento.
Orientar não é induzir à mentira, mas sim escolher como expor os fatos sem gerar suspeitas desnecessárias.

Falar ou ficar em silêncio? A decisão estratégica do depoente

Uma dúvida muito comum é:
“Se eu exercer meu direito ao silêncio, isso não vai me prejudicar?”

A resposta é clara: não.
O silêncio é um direito constitucionalnão pode ser interpretado como confissão ou omissão culposa.

Mais ainda:

Se a investigação está travada, ao falar você pode reativá‑la e abrir novas linhas de apuração.

Muitas investigações caminham para o arquivamento justamente por falta de provas; ao falar sem preparo, você mantém a investigação viva.
Por isso, o silêncio pode ser a melhor estratégia de defesa em diversos casos.

Advogado: proteção e estratégia na investigação criminal

Contratar um advogado não é um luxo — é uma necessidade.
Muitas pessoas acreditam que, ao se apresentar com advogado ou ficar em silêncio, vão “levantar suspeitas”.
Mas esse raciocínio está equivocado.

Se você foi intimado para depor, a suspeita já existe.
O advogado garante que ela não evolua injustamente para denúncia ou condenação.

Além disso, ele:

  • garante acesso integral aos autos;
  • protege a validade da prova produzida;
  • controla abusos processuais;
  • orienta sobre a conduta mais segura no depoimento.

Sua presença mostra às autoridades que você levanta seus direitos e não aceitará distorções.

Conclusão: intimação não é condenação — mas exige ação imediata

Receber uma intimação para depor não significa que você será condenado.
Porém, a forma como você reage pode definir se a investigação será arquivada ou evoluirá para processo penal.

Com apoio jurídico especializado, é possível:

  • entender com clareza o que está sendo apurado;
  • proteger seus direitos desde o início;
  • evitar autoincriminação desnecessária;
  • e, muitas vezes, alcançar o arquivamento do caso sem maiores desgastes.

Reaja com estratégia, não com medo.
Conte com uma defesa técnica sólida para atravessar essa fase com segurança, dignidade e resultados efetivos.