A infiltração do PCC em empresas já não é hipótese remota; é dado de realidade. Em 28 de agosto de 2025 (quinta-feira), o país assistiu a uma ofensiva sem precedentes, com 1.400 agentes, cerca de 350 mandados e bloqueio de R$ 1 bilhão, atingindo cadeias de combustíveis, fintechs e estruturas financeiras com ramificações logísticas e patrimoniais. A malha inclui mais de 1.000 postos em 10 Estados, fintechs que movimentaram R$ 46 bilhões e fundos que somam R$ 30 bilhões, além de ativos como terminal portuário, usinas e frotas.
O que está em jogo — no processo e no dia a dia
A infiltração opera por dentro de estruturas formais, com contratos “emergenciais”, intermediações financeiras opacas e veículos societários que aparentam governança, mas concentram controle e apagam rastros. No plano jurídico, o foco é a organização criminosa e a divisão de tarefas (Lei 12.850/2013). No campo probatório, as operações evidenciaram o peso de dados financeiros e telemáticos, articulados desde a origem. Bastam suspeitas e um descuido nos controles de preservação de dados para que qualquer empresa venha a sofrer destino semelhante, em qualquer área de atuação. Para reagir, empresas precisam de mecanismos de compliance robustos e manter controle de todos os registros financeiros que possam provar a idoneidade do negócio desde o primeiro dia.
Muito além de combustíveis e fintechs: portos, finanças locais e agronegócio
Os holofotes recaíram — com razão — sobre combustíveis e fintechs. Mas o risco extrapola. A ofensiva chegou ao coração financeiro de São Paulo e expôs elos logísticos e ativos reais usados como lastro. A administração/autoridade portuária convive com cadeias extensas: armazenagem alfandegada, terminais de granel, pesagem e certificação, operadores de last-mile e transportadoras que executam contratos sensíveis — a complexidade documental é, por si, uma superfície de infiltração. No ecossistema financeiro regional, FIDCs e fundos fechados podem virar shadow banking se a diligência for apenas formalista. No agronegócio, insumos, armazenagem e transporte formam trilhas ideais para mistura de fluxos e “caixas-pretas”. Para quem atua nesses ambientes, é hora de revalidar matriz de risco vivo, com verificação cruzada e rastro de auditoria.
Prova boa é prova válida: governança investigativa
Responder rápido não é responder sem método. A primeira decisão é escrever a hipótese: o que, onde, quando e como a infiltração poderá ocorrer no seu caso. Em seguida, preservar logs e metadados com legal hold, inventariar acessos e documentar cada ato (termos de referência, ata, versionamento). Em cenários de risco, suspender provisoriamente acessos críticos e congelar processos sensíveis com proporcionalidade — e desde logo avaliar medidas assecuratórias. Uma resposta em 72 horas bem coreografada pode evitar contaminação probatória e reduzir impacto operacional.
O vetor econômico da infiltração
As informações públicas mapeiam integração vertical criminosa: importação de derivados, vendas internas bilionárias, postos em múltiplos Estados e fundos de investimento que funcionam como “casca” patrimonial. Há ainda operações paralelas, com valores adicionais sob apuração, o que reforça a necessidade de auditoria cirúrgica e de comunicação mínima e registrada.
“Modelo 5 Thinking” (decisões que mudam o jogo)
- Hipótese clara. Redigir o enunciado de hipótese e o objeto probatório.
- Governança da prova. Nomear responsável, definir critérios de busca, controlar acessos, auditar o auditor.
- Mapa de risco vivo. Portos, finanças locais e agro com checklists objetivos e verificação cruzada.
- Comunicação enxuta. Protocolos e versionamento; nada de “árbitros informais”.
- Estratégia processual integrada. Defesa técnica (pessoas e PJ) e, quando vítima, atuação como assistente de acusação para robustecer a prova e recuperar ativos.
Por onde começar hoje? (sem travar a operação)
- Inventariar acessos e logs (quem vê o quê, desde quando).
- Congelar exceções e atalhos contratuais; toda exceção deve ter justificativa escrita e prazo.
- Reavaliar fornecedores satélites que pulam etapas de diligência — objetivo é retirar a opacidade.
- Reforçar reconciliações financeiras: conciliar movimentos, lastro e titularidade; eliminar “portas laterais”.
- Treinar lideranças de risco (compras, logística, TI, jurídico contencioso) para o protocolo de 72h.
- Atualizar cláusulas contratuais de suspensão por risco de compliance, com ritos probatórios de preservação.
- Programar auditoria independente com escopo delimitado e trilha de metadados.
Em paralelo, monitorar fatos públicos. O mapa de 28/08 inclui alvos por cidade, o que ajuda a calibrar prioridades de verificação local sem extrapolar conclusões.
Conte conosco!
Se algum sinal de alerta apareceu na sua operação — inconsistências em logs, atalhos contratuais, intermediários opacos ou choque entre fluxo físico e financeiro — trate como hipótese criminal e peça avaliação reservada em 72 horas. Para conduzir o diagnóstico e a resposta com método, fale com nossa equipe.



